Paulo é nome latino e quer dizer “pequeno”. E foi esse o nome que escolheu para si quando, derrubado do cavalo que o levava a Damasco, aquele homem versado em letras, também cobrador de impostos, pela primeira vez na vida se sentiu realmente diminuto diante do extraordinário que seus olhos viram e do portentoso chamado que seus ouvidos escutaram.
Ele era agora um renascido Paulo aberto. Sim, porque “converter” em tudo diz respeito a…
TER COM VER
Caí de meu cavalo à voz do céu!
Na estrada de Damasco fiquei cego.
À Luz do Cristo vivo ora me entrego
e passo a ver o oculto atrás do véu.
– Saulo, Saulo, por que tu me persegues?
E o chamado turvou-me o vento ateu
e escamas de meus olhos desprendeu,
e Cristo disse a mim: – Vai-te! Que pregues!
Sou hoje um renascido Paulo aberto,
consciente de um sofrer que inda me espera,
vivendo na encarnada realidade.
Que o amor é um organismo em cristesfera
que banha em salvação; é um rito interno:
é o fogo que transforma a humanidade!
Paulo Urban, Sonetista do Aquarismo
Belo Horizonte (MG) – 4 de janeiro, MMVI
decassílabos heroicos
Também eu, pequeno Paulo, nas dores e na lide, nas alegrias e tormentos das lições, toda vez que me envaideço de mim, mais cometo erros no caminho. Cabeça-dura, já caí diversas vezes do cavalo, dando de cara ao rés do chão, de onde melhor perspectiva há para enxergar minha tolice em sua exata dimensão. E é assim que aprendo a dar ouvidos ao Daimon conselheiro; só ele, lá das profundalturas de onde vem, em plena sintonia com a Música das Esferas da qual comunga, faz soprar em meus ouvidos o vento do divino que me orienta a distinguir o falso do real, a separar o ilusório dos valores mundanos do único tesouro verdadeiro que vale ser conquistado, sem o qual alma alguma transpassará as Portas do Celeste Reino. Porque hoje vemos tudo por espelhos; um dia, quem sabe, veremos face a face.
Paulo, tu és um inspirado divino…
Quando escreves os meus ouvidos escutam hinos…