Pontos nem vírgulas interrompem o fluxo contínuo do pensamento de Heráclito enquanto Parmênides pinga reticências no mar de ideias do Ser que reverberam a vital cosmodisseia do Não-ser absoluto… … … … …
Qual corda estirada sobre o abismo atravesso mares à espera do orvalho alquímico madrigal capaz de saciar-me a sede de vida porquanto navego sonhando miragens e paisagens que cotidianamente se me refratam através das clepsidras cheias de instantes que se derramam perpetuamente nos horizontes vespertinos… … … …
Ponho-me assim a navegar entre essas ovelhas do rebanho de meus pensamentos que quanto mais berram mais alto me transportam a cavalgar golfinhos que a cada salto fora d’água me levam a vislumbrar uma Nova Consciência de mandalas enredadas de poesias… … …
Sou psicargonauta a cruzar o cosmicuniverso que dentro e fora de mim se eviscera de arrebatados mergulhos atrás da ilha de Ítaca onde minha almesposa a tecer fiel tapete me é promessa das muitas maravilhas que me esperam na constelassidéria história de minha pessoal mitologia… …
Por isso tudo apenas sou…
ULISSES DE MIM MESMO
Deixo a pontuação desnecessária
releio James Joyce trás pra frente
derreto os elos chaves da corrente
de argonautas sou nave visionária
Cajado entrelaçado por serpente
Asclépio dá-me a dose transbrumária
neuroquímica revolucionária
e archotes incendeiam os vãos da mente
Viajo feito Ulisses para Ítaca
desfiado tapete sou Penélope
beijando em rubros lábios doce absinto
Penetro nos domínios de Perséfone
e poeta sem noção eu deixo à crítica
sonetos de verdade com que minto
Paulo Urban – Sonetista do Aquarismo
decassílabos heroicos – 24 de junho, MMIV