VAMPIRARTE
Que há fadas, não há dúvida; eu não sou!
Meu Reino é das sombrias solitudes,
das cordas que arrepiam os alaúdes,
dos vales onde o Sol já se apagou.
Sou pena presa às mortas inquietudes,
desgosto à Baudelaire, dor à Alan Poe;
Vampirermafrodita, do you know?,
quimera de morcego em servitudes,
cornífera e inda alada ao altar de Pã.
Eu, de Remedios Varo, Personagem,
conheço a alma dos bosques e amo a Lua;
diáfana figura, uma miragem,
em cada pesadelo eu danço nua
a desfazer-te os sonhos de amanhã!
Alan Rodrigues de Carvalho
6/IX/2021 – decassílabos heroicos
Arte: óleo sobre tela da artista plástica mexicana,
expoente do surrealismo, Remedios Varo (1908-1963)