DECLARATION D’AMOUR
Ophélie, seule maitresse du poète,
commance à travailler comme secrétaire
dans le bureau où il est traducteur:
“J’aurais voulu te dire dans cette lettre
que j’ai me ennui de lire mon Baudelaire
et tous les autres poètes, mês ancêtres,
des que j’ai vu ma muse, ma nymphette,
por qui s’anime alors très vite mon coeur;
… «Chère Ophélie, oh! Je mesure mal mes vers;
je manque d’art pour exprimer mes soupirs;
mais, jusqu’au bout, croyez-moi, je t’aime vraiment »… (*)
Et si me donnes la grâce de ce plasir,
que le premier baiser soit ce mystère
pour sceller notre idylle”. Ton Fernand.
Paulo Urban, Sonetista do Aquarismo
20 août, MMXXII
décasyllabes héroïques
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(*) Fernando Pessoa e Ofélia Queiroz conheceram-se no final de 1919 na « Félix, Valladas & Freitas », situada na Rua da Assunção n.º 42, 2º, na Baixa de Lisboa. Ela tinha 19 anos, ele 31. Ela buscava sua independência, falava francês fluentemente e Fernando logo se interessou por sua elegância simples, também por sua educação.
Foi no início do ano seguinte que o poeta a abordou. Havia lhe deixado sobre sua mesa um furtivo bilhete no qual pedia que permanecesse no escritório após o expediente. Ofélia obedeceu. E a melhorar o clima, tão logo somente os dois restaram ali trabalhando, houve um inesperado corte de energia elétrica. Aproveitando-se da ocorrência, Pessoa acendeu uma lamparina a óleo, acercou-se da menina, sentou-se sobre sua mesa e, diante de seus olhos assustados, assim se pronunciou:
«Oh, querida Ofélia! Meço mal os meus versos; careço de arte para medir os meus suspiros; mas amo-te em extremo. Oh! Até ao último extremo, acredita!»
Precisamente uma das falas de Hamlet, tragédia clássica de Shakespeare, pela qual o príncipe da Dinamarca declara seu amor à sua amada. O que se deu em seguida, sabemos por declaração de Ofélia: «Fernando beijou-me apaixonadamente, como louco». E foi assim que o romance entre eles começou.
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DECLARAÇÃO DE AMOR
Ofélia, única amante do poeta,
começa a trabalhar como secretária
no escritório onde ele é tradutor:
“Gostaria de dizer-te nesta carta
que me entediei de ler meu Baudelaire
e todos os demais poetas, meus ancestrais,
assim que vi minha musa, minha ninfeta,
por quem se anima rapidamente meu coração;
… “Querida Ofélia, oh! Mal meço meus versos;
falta-me a arte para exprimir meus suspiros;
mas, até o fim, crê-me, te amo de verdade”… (*)
E se me deres a graça desse prazer,
que o primeiro beijo seja esse mistério
a selar o nosso idílio”. Teu Fernando.
Paulo Urban
20 de agosto, MMXXII
decassílabos heróicos
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Leia também aqui no Amigo da Alma outros textos de Paulo Urban a respeito de Fernando Pessoa:
Pessoa Oculta em Pessoa
No Túmulo de Christian Rosencreutz
A Mensagem de Pessoa
O Conselho de Bernardo
Cavaleiro Kadosh
Mestre Alberto
Um Monge em Pessoa
O beijo já acontecia através da alma! Imenso AMOR!!!
Um encontro abençoado! Presente dos deuses! Encantamento que só o AMOR pode causar! Salve a embriaguez do beijo apaixonado! Ahô 🙌