Jornada PsicoTAROpêutica
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O Louco é o zero, o nada entre as mandalas,
São as surpresas todas do caminho,
Sábia loucura de que o Eu sozinho
É um alfa atrás de um ômega em Jornadas.
I
O Mago é bom agouro, é o bom começo,
É o homem frente à mesa de trabalhos,
É a carta primo ativa dos baralhos,
A chave do Tarô com que me meço.
II
O Arcano II é todo o complemento:
É o Mago decifrando os véus de Ísis,
78 Arcanos de arco-íris,
Papisa opera o Mago em 100%.
III
A Imperatriz é a sincronicidade,
A bênção que traduz sempre um bom vento,
É o tipo junguiano sentimento,
Um chacraberto em criatividade.
IV
O Imperador é a base dos projetos,
Estrutura e alicerce das empresas,
É o ato de regrar nossas represas,
Saber usar mananciais secretos.
V
O Papa traz a bênção peregrina,
Convida os viajantes para a estrada,
Pois todo Bom Caminho é sempre a escada
Que nos reúne a Deus, eis nossa sina!
VI
O Arcano VI é a dúvida, é a escolha,
É o homem repartido em dois caminhos,
É o enamorado preso entre carinhos,
É o medo acovardado em frágil bolha.
VII
O Sete traz conquistas, traz viagens,
Os passos se aceleram sobre a estrada;
O ego, ainda que inflado, é um quase nada,
Sem ter do carro as rédeas faz bobagens.
VIII
Pois, esse VIII é a Justiça que a alma chama,
É o manto da Verdade que protege,
Athena que ao trazer sentença rege
Dois pratos e uma espada soberana.
IX
Já o IX é o Eremita em oração,
Recolhimento anônimo em silêncio,
É o monge cujo nome é Dom Prudêncio,
É o despertar da Luz no coração.
X
O X é a Roda-Viva, é a correnteza,
São as vicissitudes, o imprevisto,
É o jogo do ilusório ao qual assisto,
Roleta da Samsara e da incerteza.
XI
O Arcano XI são feras, são instintos,
É a virgem lapidando a pedra bruta,
É o homem, sem esforço, em sutil luta,
Domando o minotauro em labirintos.
XII
O XII é o sacrifício do Enforcado,
É a morte, o ataúde e a terra fria;
O tema deste Arcano desafia
Cobrando-nos deixar algo de lado.
XIII
XIII é o Arcano da Ressurreição:
“Quem bem matou seu ego no Enforcado,
Agora vive em alma o vislumbrado
Mistério da Transubstanciação!”
XIV
Por isso esta Alquimia nos revela
E ensina, seja a Pedra ou o Elixir,
Que a Temperança além deste existir
É o Graal da comunhão, divina Stella.
XV
… Mas vemo-nos tão presos e amarrados
Ao mundo de ilusões, altar profano,
A idolatrar os deuses de Ego-engano,
Por sequestrado arbítrio condenados,
XVI
Que às vezes é preciso uma explosão
A derrubar a Torre de Babel,
Egoica construção; vaidade é mel
Que impede a estrada da Individuação.
XVII
E então mirando as águas de um regato,
Ao ver em seu reflexo o firmamento,
Descobre o herói, reluz o entendimento,
Que estrelas somos nós, cumprido o ato!
XVIII
Por isso a Iniciação – Rito Noturno – :
No atravessar das Trevas à alma escura,
Compreende-se que a Lua é mãe que cura
As mais profundas chagas de Saturno.
XIX
E quando além do tempo o coração
Perdoa e, em seu silêncio, o ego se acalma,
Floresce o quarto chackra e rompe n’alma
A Aurora de uma Nova Comunhão!
XX
O XX cumpre o XIII prometido:
— Neófito, não há morte em Jornada,
Iluminar-se é ver-se alma banhada,
É amar e entrar no Reino renascido!
XXI
E assim calam os Arcanos, falam nada,
São nosso psiquismo em iluminuras,
São chaves arquetípicas das curas,
Mil pétalas de um Lótus em Mandala!
Paulo Urban
XXII quadras em decassílabos heroicos
Abril, MMXII