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Lua

LUA

A Inconsciência, Arcano XVIII do Tarô da Nova Consciência do artista plástico Eduardo Vilela

A Lua é pura prata dos desejos,
é carma d’água, mãe, ventre fecundo,
é a fé que faz mover marés e o mundo,
são sonhos, quatro fases, quatro beijos.

É Chandra(1) , irmão de Surya, taça em punho,
Diana(2) em seu crescente de solfejos,
Selene(3) em plenilúnio de lampejos,
deusa Hécate(4) minguante em testemunho.

Planeta dos poetas, dos amantes,
úmida via da Alquimia, enfim,
Rainha do Ocultismo em sentimentos,

a Lua sorve a dor e os sofrimentos,
é bênção aos noturnos viajantes
que buscam penetrar a alma sem fim.

Nicolau Nicolei de Ptolodamus
Astrólogo do Rei
Porta-Céu de onde estamos
decassílabos heroicos
Sol a 0º39’56” de Câncer
Lua Cheia a 18º53’59’’ de Capricórnio
Aquário Ascendente a 12º39’

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Notas mítico-astrológicas (por Paulo Urban):

(1) Chandra é o deus Lua no hinduísmo, nascido do primordial mar de seiva, enquanto este era remexido pelos deuses criadores. Por conta disso, Chandra tem ainda sua imagem identificada ao próprio Soma, sagrada beberagem dos deuses (correlato hindu da ambrosia dos deuses gregos), sendo esta também a razão pela qual ele míngua, já que todos os deuses dele sorvem todos os dias. Em face disso, é Surya, deus Sol, irmão de Chandra, quem acaba sempre levando água a ele, de modo a repor suas forças, com o que novamente Chandra se locupleta de energia, renova-se em seu soma, e se torna Lua Cheia, para de novo ser sorvido pelos deuses, num ciclo que se repete sempiternamente. Chandra é descrito como um jovem muito belo de pele alva, a conduzir pelas noites sua carruagem puxada por dez antílopes brancos; geralmente está representado trazendo em suas mãos a flor de lótus, ou suas espadas, e também o vaso/cálice no qual está contido o sagrado Soma. O budismo mítico faz de Buda filho de Chandra com a deusa Tara.

(2) Diana romana corresponde à deusa Ártemis dos gregos.

(3) Na mitologia grega a Lua está associada a três deusas: identifica-se com deusa Ártemis enquanto sua fase é o crescente; torna-se Selene quando cheia, e é também deusa Hécate em sua fase minguante, quando então se recolhe até desaparecer (Lua nova) em sua visita ao Hades, de onde após breve período retornará em fase crescente novamente.

(4) Deusa Hécate é ainda geralmente representada com três faces, alusão às três fases visíveis da Lua: o crescente, a Lua cheia e o minguante.

Obs: Os sonetos de mestre Nicolau Nicolei não trazem a data em que foram escritos, senão as efemérides de Sol e Lua para cada composição. Aos que desejem, entretanto, ter melhor ideia do mapa astral de quando foram compostos, cumpre informar que os sonetos referentes aos 12 signos do zodíaco foram escritos mês a mês, entre dezembro de 2014 (Sagitário) e novembro de 2015 (Escorpião); já os sonetos referentes aos 10 planetas são obra começada em 2016.

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Para ler outro sonetastrológico de Mestre Nicolau, acesse: Vênus.

One Comment

  1. Patricia Camel disse:

    A Lua é hipnótica mesmo! Partilho então um hábito meu: gosto de limpar meus objetos de prata quando ela está em sua fase minguante ou nova. Entro mais facilmente em estado meditativo e sinto como se estivesse reforçando as minhas e as forças dela, à medida em que faço refulgir o brilho do metal. E realmente sinto-me mais confortável nas luas subsequentes…

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